CONCEPÇÃO
ERRADA: A evolução é uma teoria sobre a origem da vida
CORRECÇÃO:
De facto, a teoria da evolução inclui ideias e evidências relacionadas com a
origem da vida (por ex., se ocorreu ou não próximo de uma fonte hidrotermal
oceânica, a grande profundidade, que molécula orgânica surgiu primeiro, etc.)
mas este não é o tópico central da teoriaa da evolução.
A
maior parte dos biólogos evolutivos estuda a forma como a vida terá mudado depois da sua origem. Independentemente
de como a vida começou, depois ramificou-se e diversificou-se, e a maior parte
dos estudos sobre evolução focam-se nesses processos.
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CONCEPÇÃO
ERRADA: A teoria da evolução implica que a vida tenha evoluído (e continue
a evoluir) de forma aleatória, ou ao acaso
CORRECÇÃO: A
sorte e o acasoa influenciam a evolução e a história da vida
de maneiras muito diferentes; no entanto, alguns mecanismos evolutivos
importantes são não-aleatórios e estes tornam todo o processo não-aleatório.
Por exemplo, considere-se o processo de selecção naturala,
que resulta em adaptaçõesa - características dos organismos
que parecem adequar-se ao ambiente em que ele vive (por ex., a adequação entre
a flor e o seu polinizador, a coordenação da resposta imunitária contra agentes
patogénicos e a capacidade de ecolocalização dos morcegos). Estas incríveis
adaptações claramente não aconteceram “por acaso”. Elas evoluíram através de
uma combinação de processos aleatórios e não-aleatórios.
O processo de mutaçãoa,
que gera variação genéticaa, é aleatório, mas a selecção é
não-aleatória. A selecção favoreceu variantes mais capazes de sobreviver e se
reproduzirem (por ex., para ser polinizado, para se defender de agentes
patogénicos ou de se orientar no escuro). Ao longo de muitas gerações de
mutações aleatórias e selecção não-aleatória, evoluíram adaptações complexas.
Dizer que a evolução acontece “por acaso” é ignorar metade da história.
Para aprender mais sobre selecção natural, veja o
artigo sobre esse tópico [em inglês] ou esta publicação.
Para aprender mais sobre mutações aleatórias, veja o
artigo sobre ADN e mutações [em inglês].
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CONCEPÇÃO
ERRADA: A evolução resulta no progresso; através da evolução, os organismos
estão continuamente a aperfeiçoar-se
CORRECÇÃO: Um
importante mecanismo evolutivo, selecção natural, resulta na evolução de
aptidões de sobrevivência e reprodução melhoradas; no entanto, isto não
significa que a evolução é progressiva - por variadas razões.
Primeiro,
conforme irá ser descrito na correcção da concepção errada ‘A selecção natural produz organismos que
estão perfeitamente adaptados ao seu ambiente’, a selecção natural não
produz organismos perfeitamente adaptados ao seu ambiente. Muitas vezes permite
a sobrevivência de indivíduos com uma pluralidade de características -
indivíduos que são “suficientemente bons” para sobreviver. Logo, não são sempre
necessárias alterações evolutivas para que uma espécie persista. Muitos taxaa
(como musgos, fungos, tubarões, didelfimorfos [mamíferos marsupiais americanos,
da ordem Didelphimorphia] e lagostins) mudaram pouco fisicamente ao longe de
grandes extensões de tempo.
Segundo, há outros mecanismos evolutivos que não
causam alterações adaptativas. Mutaçãoa, migraçãoa e deriva
genéticaa podem levar a que populações evoluam de maneiras que
são largamente prejudiciais ou que as torna menos adaptadas ao seu ambiente.
Por exemplo, a população Africander da África do Sul tem uma frequência
anormalmente elevada do variante genético que causa a doença de Huntington
porque este terá aumentado em frequências, por deriva genética, à medida que a
população cresceu, a partir de uma pequena população fundadora.
Finalmente, a
noção de “progresso” não faz sentido quando falamos de evolução. Alterações
climáticas, mudanças de caudais de rios, invasões de novos competidores - e um
organismo com uma característica que é benéfica numa situação pode estar mal
equipado para sobreviver quando o ambiente muda. E mesmo que nos focássemos num
único ambiente e habitat, a ideia de como medir o “progresso” é enviesada pela
perspectiva do observador. Da perspectiva de uma planta, a melhor medida de
progresso pode ser a capacidade de realizar a fotossíntese; de uma aranha, pode
ser a eficiência de um sistema de transferência de veneno; de um humano, a
capacidade cognitiva.
É tentador ver a evolução como uma grande escada
progressiva, com o Homo sapiens a
emergir no seu topo. Mas a evolução produz uma árvore, não uma escada - e nós
somos apenas um de muitos ramos nessa árvore.
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CONCEPÇÃO
ERRADA: Os organismos podem evoluir durante o seu tempo de vida
CORRECÇÃO: A
definição de alterações evolutivas baseia-se em alterações no património
genético das populações ao longo do tempo. São as populações, e não os
indivíduos, que mudam. Alterações que ocorrem num indivíduo durante o seu tempo
de vida podem ser de desenvolvimentoa (por ex., um macho de
uma ave a quem cresce uma plumagem mais colorida quando atinge a maturação
sexual) ou podem ser causadas pela forma como o ambiente afecta um organismo
(por ex., uma ave que perde penas porque está infectada por parasitas); no
entanto, estas mudanças não são causadas por alterações nos genesa.
Apesar de ser útil haver uma forma das alterações ambientais causarem
alterações adaptativas nos nossos genes - quem não gostaria de ter um variante
genético de resistência à malária quando fosse de férias para Moçambique? - a
evolução não funciona dessa forma.
Novos variantes genéticos (ou seja, alelosa)
são produzidos por mutações aleatórias e, ao longo de muitas gerações, a
selecção natural pode favorecer variantes vantajosos, levando a que estes se
tornem mais comuns na população.
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CONCEPÇÃO
ERRADA: A evolução apenas ocorre de forma lenta e gradual
CORRECÇÃO: A
evolução ocorre de forma lenta e gradual mas também pode ocorrer rapidamente.
Temos vários exemplos de evolução lenta e gradual - por exemplo, a evolução
gradual das baleias a partir do seu mamífero terrestre ancestral, como documentado
no registo fóssil. Mas também sabemos de muitos casos em que a mutação ocorreu
rapidamente. Por exemplo, temos um registo fóssil detalhado que mostra como
algumas espécies de organismos unicelulares, chamados foraminídeos, evoluíram
novas formas num piscar de olhos geológico, como se mostra abaixo.
[eixo do y: anos, em milhares de anos; eixo do x: forma da concha de foraminídeos; seta: período de evolução rápida]
Da mesma forma,
podemos observar episódios de evolução rápida a acontecer ao nosso redor todo o
tempo. Ao longo dos últimos 50 anos, observámos esquilos a evoluir novas épocas
reprodutivas em resposta a alterações climáticas, uma espécie de peixe a
evoluir resistência a toxinas despejadas ilegalmente no rio Hudson e uma série
de micróbios a evoluir resistência a novos medicamentos que desenvolvemos.
Diversos factores podem favorecer a evolução rápida - populações de pequeno
tamanho, tempos de geração curtos, grandes mudanças nas condições ambientais -
e as evidências deixam claro que isto já aconteceu várias vezes.
Para aprender
mais sobre o ritmo da evolução,
veja o separador Evolution 101 [em inglês].
Para aprender
mais sobre evolução rápida em resposta a alterações ambientais causadas pelos
humanos, veja a notícia sobre alterações climáticas
[em inglês], a reportagem sobre evolução de peixes resistentes ao PCB [em inglês], ou o perfil de um investigador sobre a evolução do tamanho dos peixes em resposta às práticas pesqueiras
[em inglês].
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a Definição no Glossário.
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